quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Lixo Extraordinário aplaudido em Paulínia
Nenhum filme no Festival de Paulínia foi aclamado como Lixo Extraordinário, exibido em 23 de julho, último dia da competição. A equipe do documentário viu o público levantar de suas poltronas – cerca de 1,3 mil pessoas, já que o Theatro Municipal estava lotado – e aplaudir de pé por longos minutos, assim que subiram os créditos. Quando as luzes da sala foram acesas, as palmas voltaram com força. O longa já ganhou prêmios de público nos festivais de Sundance e Berlim.
Além de o filme ter agradado a plateia, foi uma homenagem aos catadores do Jardim Gramacho, que acompanharam a sessão.
O foco do documentário, parceria de uma produtora inglesa e da O2 Filmes, é registrar a obra do artista plástico Vik Muniz, o brasileiro mais badalado no mundo das galerias e leilões mundo afora.
Com uma infância pobre em São Paulo, viajou para os Estados Unidos ainda jovem, se fixou em Nova York e ganhou fama por suas fotos e, principalmente, por reproduzir famosas obras de arte com materiais inusitados, como geléia, calda de chocolate ou manteiga de amendoim.
Em 1996, Muniz foi ao Caribe fotografar crianças que trabalhavam em lavouras de cana-de-açúcar e, de volta a seu estúdio, recriou as imagens com açúcar. O trabalho deu origem à série “Sugar Children” e foi um sucesso. A ideia, então, era repetir o experimento, agora com pessoas que viviam literalmente no lixo, esquecidas pelo mundo, e reverter o dinheiro para as comunidades locais.
O Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho fica em Duque de Caixas é o maior aterro sanitário do mundo, destino de 70% do lixo do Rio de Janeiro e 100% de quatro outras cidades. Tudo ao redor gira em torno do negócio, de galpões para recolher material reciclável a uma favela onde vivem boa parte dos 3 mil catadores que trabalham ali. Lixo, aliás, é uma palavra proibida: se aprende logo que o correto é dizer “resíduos sólidos”, já que algo que gera dinheiro não pode ser chamado de lixo, por ter utilidade a alguém e também ajudar a preservar o meio ambiente.
Depois de fotografar os catadores em diversas poses, inclusive numa recriação de “Marat assassinado”, quadro de Jacques-Louis David (1793), Muniz levou os retratados para um galpão e, a partir das fotografias, recriou as imagens com objetos encontrados no próprio lixo.
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