Como precursoras dessa tendência se poderiam citar, nos anos 20, as estruturas neocubistas de Tarcila do Amaral (1886-1973), animadas por um "colorismo" voluntariamente ingênuo, "caipira". Tarsila foi discípula, em Paris, de Lhote, Gleizes e Léger, e, de volta ao Brasil, lançara a "pintura pau-brasil", da qual, posteriormente, desenvolveu-se a "pintura antropofágica". Casada com o poeta e romancista experimental Oswald de Andrade (1890-1954), a mais dinâmica figura do Modernismo de 22, com ele se empenhou nos homônimos movimentos de vanguarda, anunciados por memoráveis manifestos oswaldianos.
Outro pioneiro foi Vicente do Rego Monteiro (1899-1970), ativo em Paris e no Brasil, influenciado, em suas figurações geométricas, tanto pela tendência Art Déco quanto por um cubismo estilizado e "tropicalizado" ("primitivista").
Em 1950, Max Bill apresenta uma exposição individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo (fundado em 1947), e, em 1951, recebe o Prêmio Internacional de Escultura com a Unidade Tripartida, na I Bienal de São Paulo. Nesse mesmo ano, Mary Vieira e Almir Amvignier deixam o Brasil: a primeira para estudar com Max Bill e radicar-se na Suíça (Basiléia); o segundo, para matricular-se na Escola Superior da Forma (Hochschule für Gestaltung), Ulm, e radicar-se na Alemanha.
Em 1952, forma-se o grupo de pintores concretos de São Paulo, liderados por Waldemar Cordeiro (jovem artista ítalo-brasileiro, educado em Roma, ideologicamente influenciado pelo marxismo gramsciano).
O grupo, inicialmente constituído por Charoux, Geraldo de Barros, Fejer, Leopold Haar, Sacilotto e Anatol Wladyslaw, além de Cordeiro, lançam polêmico manifesto, sob o título Ruptura. Aos construtivistas de Ruptura logo se aliam os poetas do grupo Noigandres (revista-livro fundada em 1952, em São Paulo, por Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari).
Das atividades e experimentos do grupo Noigandres emergiria, entre 1953 e 1956, o movimento de poesia concreta, cujo lançamento público iria ocorrer na "Exposição Nacional de Arte Concreta" (São Paulo, dezembro de 1956; Rio de Janeiro, fevereiro de 1957), na qual tomaram parte poetas e artistas plásticos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Os construtivistas do Rio pertenciam ao Grupo Frente, fundado em 1954, sob a liderança de Ivan Serpa; quanto à poesia, participavam da mostra o poeta e crítico de arte Ferreira Gullar (maranhense de nascimento), expressamente convidado por Augusto de Campos, e o mato-grossense Wladimir Dias Pino .
Geraldo de Barros
Geraldo de Barros
Embalado pelas vanguardas européias do início do século 20, Barros ajudou a causar um terremoto na fotografia brasileira. Contra o status quo, o experimentalismo. No lugar da fotografia documental, a abstração e o enlevo dos efeitos da luz sobre as formas.
Em contraposição à ilusão ótica da perspectiva renascentista, a reafirmação da gênese bidimensional da fotografia. Em vez da imagem que denuncia um espaço-tempo único e preciso, a junção de instantes e lugares díspares. Fotografia não mais como prova inconteste do visível, e sim como ponte para o imaginário e o lúdico.
A revolução empreendida por Barros foi pautada em boa parte pela aceitação do acaso no processo criativo. "Acredito que é no "erro", na exploração e domínio do acaso que reside a criação fotográfica. Me preocupei em conhecer a técnica apenas o suficiente para me expressar, sem me deixar levar por excessivos virtuosismos", escreve o próprio artista em Fotoformas.
A revolução empreendida por Barros foi pautada em boa parte pela aceitação do acaso no processo criativo. "Acredito que é no "erro", na exploração e domínio do acaso que reside a criação fotográfica. Me preocupei em conhecer a técnica apenas o suficiente para me expressar, sem me deixar levar por excessivos virtuosismos", escreve o próprio artista em Fotoformas.
Perfil
Iniciou sua carreira dedicando-se à pintura de figura e paisagens, mas tornou-se conhecido ao estabelecer vínculos com a arte experimental. Foi um dos pioneiros da fotografia abstrata e do modernismo no Brasil também é considerado um dos mais importantes artistas do movimento concretista brasileiro.
As imagens de Geraldo de Barros se formam a partir da desconstrução. Mesmo antes de seu trabalho como fotógrafo e do surgimento da arte concreta foi reconhecido como um dos artistas a trazer em seus trabalhos a questão da abstração. Nesse período ele toma contato com os ideais do construtivismo e da arte abstrata européia das décadas de 1920 e 1930.
O efêmero, o fragmento, o tempo, o descontínuo, a ação estão presentes em suas obras. A partir da reordenação de elementos, cria uma nova composição. Em seus trabalhos estão sempre presentes as questões sociais e urbanas, além da inquietude diante da relação entra e a arte e a sociedade.
Foi fundador e membro de grandes e importantes movimentos e associações artísticas como o Grupo 15, a Galeria Rex, o grupo Ruptura, o grupo FormInform, a cooperativa de produção de móveis Unilabor, a indústria de móveis Hobjeto.
Além disso, Barros foi da geometria à arte pop, voltando à geometria, mas sempre retornando ao desenho industrial e a fotografia. Ao entrar em contato com a fotografia se apaixona, seu olhar se aguça, passa a criar interferências, recriar a imagem.
Suas fotoformas representam uma nova era no processo de fotografia no Brasil, dá a ela novas possibilidades, onde esta deixa o campo da mera representação e passa a ser considerada uma nova linguagem artística. Explora ao máximo todas as possibilidades de manipulação do negativo. A fotografia lhe permitia a possibilidade do erro, e para Geraldo era importante errar.
Por alguns anos abandonou a fotografia e dedicou-se a outras artes e ao design. Em 1996, após ter sofrido diversas isquemias cerebrais e com suas funções motoras totalmente debilitadas retoma seu processo fotográfico e com a ajuda de sua assistente, a fotógrafa Ana Moraes, realiza sua última produção: Sobras.
Barros tinha como intuito socializar arte, e a maneira que encontrou de atingir este objetivo foi através da criação de móveis. Desenhava o objeto, o desenvolvia e o vendia, qualquer pessoa podia comprá-lo e levá-lo para casa e usá-lo da maneira que melhor lhe conviesse. Seu objeto de criação girava em torno do homem, sua criação tinha um comprometimento social. Suas obras tinham o objetivo da seriação e do consumo em larga escala, a arte para todos.
Barros tinha como intuito socializar arte, e a maneira que encontrou de atingir este objetivo foi através da criação de móveis. Desenhava o objeto, o desenvolvia e o vendia, qualquer pessoa podia comprá-lo e levá-lo para casa e usá-lo da maneira que melhor lhe conviesse. Seu objeto de criação girava em torno do homem, sua criação tinha um comprometimento social. Suas obras tinham o objetivo da seriação e do consumo em larga escala, a arte para todos.
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