terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sede de Viver: Biografia de Van Gogh













Baseado no romance de Irving Stone, o filme Sede de Viver mostra de maneira primorosa a biografia de um dos maiores artistas de todos os tempos, o talentoso Vincent Van Gogh.
O filme realmente impressiona. Talvez isso se deva a excelente atuação de Kirk Douglas no papel de Van Gogh. O personagem é interpretado de forma tão intensa, que podemos sentir com perfeição as emoções e angústias vividas pelo artista. Assistindo ao filme, nota-se que Van Gogh possuía uma grande necessidade de pintar. Pintar para ele era como uma espécie de vício. Era algo quase compulsivo, uma necessidade em sua vida, talvez a principal, a que ele mais saciava. Sempre interpretando a paisagem, buscando loucamente a luz e as cores perfeitas para inserir em suas telas, se esquecendo do mundo exterior quando estava a pintar. Sim, Van Gogh praticamente se isolava do mundo pela pintura, para ele o mais importante era o momento, não pensava muito no futuro, por isso fazia somente o que mais lhe dava prazer, a pintura.
“Os quadros chegam até mim como em um sonho”, disse Vincent Van Gogh. Um sonho que frequentemente despedaçava sua vida como um pesadelo.
A loucura pela pintura fez Van Gogh se esquecer dos “reais compromissos” da vida, e, por isso, fracassou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência, ou, muitas vezes, até mesmo manter contatos sociais. Sua vida foi marcada por fracassos. Em toda sua vida, vendeu um só de seus quadros. Suas emoções eram tão conturbadas que com o tempo desenvolveu uma doença mental.
A verdade é que Van Gogh era um artista dividido entre a prodigiosa inspiração do seu gênio e a angustiante escuridão de uma mente atormentada.
O obcecado Van Gogh pintou o modo como outros homens respiram, se despojando de família e amizades, escolhendo a pintura como sua fiel companhia. Talvez ele não tenha tido escolha, afinal, pintar para ele era uma necessidade. E acima de tudo ele parecia ser uma pessoa muito sensível, ele era carente de afeto, ele queria companhia, temia a solidão, mas a solidão estava em seu destino.
A vida de Van Gogh retratada no filme
Aos 25 anos, o jovem Vincent Van Gogh sente a necessidade de ajudar aos necessitados. Assim, submete-se ao "Comitê Belga dos Mensageiros da Fé", com a intenção de conseguir realizar algum trabalho de evangelização. Após passar por um processo de avaliação, não é aprovado pelo Comitê, por achá-lo uma pessoa insegura e desajeitada. Não desistindo de sua pretensão, insiste junto a um dos seus membros e termina sendo enviado para pregar a palavra de Deus em Boringe, uma região carvoeira habitada por gente extremamente desafortunada.
Uma vez lá, aos poucos vai ganhando a confiança da comunidade, na medida em que passa a se dedicar mais a um trabalho social do que aos serviços religiosos. Quando dois membros do Comitê dos Mensageiros da Fé chegam à Boringe para uma inspeção, os mesmos o recriminam por estar morando numa das casas mais precárias da vila, onde dorme sobre palhas. Ele se justifica ao dizer que deu sua cama a uma mulher doente e mais necessitada. Os inspetores, entretanto, não aceitam seus argumentos, acusando-o de estar destruindo a dignidade da igreja que representa.
Desolado, Van Gogh recebe a inesperada visita de seu irmão Theo que, após uma longa conversa sobre sua situação, o convence a voltar para a casa dos pais, até decidir sobre seu futuro. Embora seu relacionamento com o pai, um pastor, não seja dos melhores, ele aproveita a vida do campo, na Holanda, para retomar uma das coisas que mais gosta de fazer: a pintura. Sem dinheiro, conta com o suporte de Theo, que lhe envia periodicamente de Paris todo o material de que precisa para realizar essa atividade. Quando sua prima Kay Vos-Stricker, viúva com um filho, vai passar o verão no campo, ele a pede em casamento, mas ela recusa energicamente.
No final de 1881, Van Gogh muda-se para Haia, onde recebe apoio do primo Anton Mauve, um pintor bem-sucedido. Nesse período, envolve-se com uma prostituta, Christine, grávida e já mãe de um filho. Quando seu pai morre em 1885, ele volta ao campo, época em que pinta aquela que é considerada sua primeira grande obra: "Os Comedores de Batatas".
Na primavera de 1886, ao atender finalmente às sugestões de Theo, ele chega à Paris, onde trava conhecimento com vários pintores, entre eles Camille Pissarro, Émile Bernard e Henri de Toulouse-Lautrec. O impressionismo toma conta das galerias de Paris, mas Van Gogh tem problemas em assimilar esse novo conceito de pintura. Ele e Bernard iniciam, então, o uso da técnica do pontilhismo. No ano seguinte, conhece Paul Gauguin, de quem se torna um grande amigo.
Em fevereiro de 1888, Van Gogh decide mudar-se para Arles, no sul da França, uma cidade que o impressionava pelas paisagens. Em suas constantes cartas a Theo, ele fala de sua alegria com sua casa e com o período criativo pelo qual vem passando. Para decorar sua casa, pinta uma série de telas com girassóis.
Dos artistas deixados em Paris, apenas Gauguin aceita o convite para passar uma temporada em Arles. Os dois partilham uma admiração mútua, mas a relação entre ambos é marcada por discussões freqüentes. Após uma dessas discussões, Gauguin resolve ir embora. Van Gogh entra em desespero com medo da solidão e, num ato de loucura, mutila-se ao cortar um pedaço de sua orelha esquerda.
Theo, agora casado com Johanna, é chamado e faz de tudo para que ele volte a morar com ele em Paris. Van Gogh, entretanto, convence o irmão que precisa, antes de mais nada, ser internado numa Clínica Psiquiátrica, a fim de ser convenientemente tratado. Os jardins da Clínica tornam-se a principal fonte de inspiração para os quadros seguintes, que marcam nova mudança de estilo: as pequenas pinceladas evoluem para curvas espiraladas.
Ao receber alta, ele se muda para Auvers-sur-Oise, próximo de Paris, onde pode estar mais perto do irmão e freqüentar as consultas com o Dr. Paul Gachet, um especialista habituado a lidar com artistas, recomendado por Pissarro. Gachet não consegue melhorias no estado de espírito de Van Gogh, mas é inspiração para o conhecido "Retrato do Doutor Gachet". Entretanto, a depressão volta a se agravar e, a 27 de julho de 1890, depois de semanas de atividade criativa, Van Gogh dispara um tiro sobre o peito, morrendo dois dias depois ao lado do irmão.
Curiosidades sobre Van Gogh
- Segundo alguns, Vincent teria sofrido de xantopsia (visão dos objetos em amarelo), por isso exagerava no amarelo em suas telas. Esta xantopsia pode ou não ter surgido pelo excesso de ingestão de absinto, que contém tujona, uma toxina. Outra teoria seria que doutor Gachet teria indicado o uso de digitalis para o tratamento de epilepsia, o que poderia ter ocasionado visão amarelada a Van Gogh.Outros documentos relatam ainda que na verdade Van Gogh seria daltônico.
-Há ainda diagnósticos de esquizofrenia e de transtorno bipolar do humor, sendo este último o diagnóstico mais aceito.
- A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição de 71 das suas telas em Paris, a 17 de março de 1901. Somente após a sua morte sua obra foi amplamente reconhecida.




Título Original: Lust for Life



Gênero: Drama biográfico; ano de lançamento: 1956; país de produção: Estados Unidos; atores principais: Kirk Douglas, Anthony Quinn, James Donald, Pamela Brown e Everett Sloane; direção: Vincente Minnelli; roteiro: Norman Corwin; produção: John Houseman


Premiações e indicações:

Recebeu o Oscar de melhor ator coadjuvante, para Anthony Quinn. Indicado ao Oscar de melhor ator (Kirk Douglas), melhor direção de arte e melhor roteiro adaptado. Indicado ao Globo de Ouro pelos prêmios de melhor filme-drama, melhor direção de arte e melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Recebeu o Globo de Ouro de melhor ator dramático do ano, para Kirk Douglas. Recebeu do New York Film Critics o prêmio de melhor ator, para Kirk Douglas. (Paula Zago)

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