terça-feira, 25 de agosto de 2009

Agonia e Êxtase, filme sobre a vida de Michelângelo



Quem se depara com Agonia e Êxtase, já se impressiona com o curioso título um tanto perturbador. Pois é justamente isso que a produção de Carol Reed, datada dos anos 1960 aborda - um pouco da vida e obra de um dos artistas mais famosos do mundo: Michelângelo (1475 - 1512).

Ambientado no século XVI, o filme retrata a Roma de 1508, um período de conquistas, de guerras e de expansão da Igreja Católica.
O Papa Júlio II, interpretado por Rex Harrison, além de travar diversas batalhas com propósitos políticos e econômicos, também precisa "lutar" para obter uma outra espécie de conquista - que acabou por herança da humanidade: a inquestionável obra de Michelângelo, vivido por Charlton Heston.

Tudo acontece em torno da Capela Sistina, da qual o Papa deseja explorar mais precisamente o teto, através da técnica do afresco - a pintura com tintas feitas à base d'água sobre o gesso recém colocado.

Michelângelo, um tradicional escultor, se vê intimidado com o pedido feito pelo Santíssimo Papa. Porém, sob pressão, acaba aceitando o trabalho, juntamente com uma equipe que ele escala em Florença.


Inicia as obras sob as orientações do Papa, que sugere ao artista, que pinte os doze apóstolos, além de outros elementos decorativos. E assim, Michelângelo o faz. Porém, já na primeira figura, ele declina do projeto sugerido por seu contratante. Destrói sua obra iniciada e foge de Roma, enlouquecendo o Papa Júlio II - que determina a caçada ao artista. Num refúgio junto às montanhas, Michelângelo descansa.
E é neste local, longe de tudo e de todos que Michelângelo, ao acordar numa manhã, vê entre as núvens, como numa espécie de visão ou inspiração máxima, qual o real destino do teto da capela. Entre as figuras ideais, a da criação do mundo. Sem titubear, volta a Roma, esboça seus planos e segue atrás do Papa e encontra-o em plena guerra. Lá, convence o mesmo de que aqueles afrescos são os ideais para o projeto.
Quando o Santíssimo concorda, Michelângelo volta à Capela, juntamente com seus companheiros e finalmente dá início aos trabalhos planejados. As confusões entre ele e o Papa parecem não ter fim, uma vez que o religioso não compreeende a demora das pinturas. Um episódio interessante ainda ocorre neste processo: Michelângelo sofre um acidente. Ele cai de um dos andaimes em que trabalha.

Ao final, depois de muito conflito, ele entrega a capela: uma de suas mais belas obras, sem sombra de dúvida. O teto recebe figuras lendárias que se eternizaram tanto no mundo das artes, quanto na própria Igreja. Exemplo disso é de como ele concebeu as figuras de Deus e do homem.

Questionado pelo Papa, certa vez, Michelângelo diz ver o homem perfeito em sua obra e que as distorções vistas no homem aqui da Terra seriam fruto da própria convivência e experiência terrena. Já o Deus por ele pintado, é forte, mas ao mesmo tempo doce e fraterno. O encanto da comunidade se torna evidente e ao final, Júlio II ainda tem mais um pedido, que Michelângelo pinte a parede atrás do altar, com o tema do Juízo Final.

As obras da Capela Sistina representam o surgimento do homem - sua criação -, sua queda e a salvação. Um brilhante trabalho que detém a atenção de milhares de admiradores todos os meses. Michelângelo a pintou entre 1508 e 1512. Cerca de 300 figuras estão simbolizadas nas pinturas, que se baseiam no livro do Gênisis.
Michelângelo nasceu em 1475, em Caprese e morreu em 1564, em Roma. Foi um dos maiores artistas de sua época. Suas esculturas retratam uma perfeição que talvez nem sequer exista nos dias atuais. Blocos de mármore esculpidos por ele, parecem trazer à tona figuras previamente existentes no material bruto. Obras como Davi e Pietà são uma das mais famosas esculturas do artista, realizados antes dos seus trinta anos de idade.













(Nelson Zimer)

Um comentário:

  1. O filme AGONIA E EXTASE baseia-se no romance de Irving Stone sobre os bastidores da pintura da Capela Sistina, na relação entre Michelângelo e o papa Júlio II, e busca lançar aproximar um dos mais famosos gênios da arte do espectador, com seus conflitos e defeitos.

    Com isso privilegia os conflitos na relação entre Michelângelo e Júlio II, mas para satisfazer ao grande público, tentam mostrar um romance do pintor com a Condessa de Médici, que acaba não saindo do lugar. Infelizmente terminamos o filme sem conhecer mais do processo criativo do pintor, nem as razões interiores dos seus conflitos. O artista é mostrado como um homem perturbado por sua obsessão com a arte e a perfeição, mas conhecemos pouco do homem depois do filme.

    Importante nesta pesquisa constatar que Michelângelo foi o primeiro artista ocidental a reivindicar consistentemente sua independência criativa, e o prestígio de que desfrutou em vida.

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